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‘Armas artesanais’: por que elas estão aumentando nas mãos do crime no Brasil

A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, expôs o poderio bélico do crime organizado. Criminosos usaram ...

‘Armas artesanais’: por que elas estão aumentando nas mãos do crime no Brasil
‘Armas artesanais’: por que elas estão aumentando nas mãos do crime no Brasil (Foto: Reprodução)

A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, expôs o poderio bélico do crime organizado. Criminosos usaram fuzis e drones que lançam granadas. A operação terminou com 121 mortos, entre eles 4 policiais - veja a lista com os mortos que já foram identificados. A polícia do Rio apreendeu 91 fuzis de uma vez só, um recorde considerando operações deste tipo. No episódio da quarta-feira (29) do podcast O Assunto, Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, falou sobre as armas usadas pelo crime organizado. Segundo ela, há o uso até das chamadas "armas artesanais", montadas e adaptadas com peças que chegam ao Brasil vindas, pelos correios, pelo exterior. OUÇA NO PLAYER ACIMA A PARTIR 26:44. Carolina explica que muitas dessas armas chegam ao Brasil vindo dos EUA, tanto por via aérea, quanto por via marítima. "As peças das armas, que a gente identificou como armas montadas, muitas vezes são peças que chegam pelo correio. Porque você tem muita facilidade para a venda de arma e venda de peças de arma nesse país [EUA] e você consegue, enfim, eventualmente ter traficantes lá que enviam peças separadas pelo correio ou também por navios." Além disso, Carolina lembra que as fronteiras do Brasil, por via terrestre, também são pontos de entrada de armas ou de peças ilegais. A produção dessas armas é um indicativo de que o Brasil possui um movimento interno significativo no fluxo ilegal de armamentos. Carolina explica que a produção dessas "armas artesanais" não é uma tarefa extremamente simples, mas faz parte de uma cadeia produtiva e de um mercado criminal que têm se consolidado. "Elas chegam aqui, a gente não tem um sistema de fiscalização que dê conta. É fácil sair de lá e é fácil entrar no Brasil." Carolina sinaliza quais pontos da fronteira são sensíveis à entrada desse tipo de armamento no país. "A gente sabe que tem as armas que chegam via terrestre. Então a fronteira do Paraguai é uma área bastante frágil, a Tríplice Fronteira, as fronteiras em outras áreas como Ponta Porã (cidade de Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai). Áreas na região Norte do Brasil... As fronteiras secas também são fronteiras que permitem a entrada." Desvio e fabricação de armas Para a fabricação, são necessários níveis de conhecimento específicos, um indício, segundo Carolina, de que pode existir desvio de armas de estilo militar dos arsenais de forças de segurança. "Também existe desvio dessas armas de estilo militar dos próprios arsenais das forças de segurança. Então, no caso das metralhadoras aprendidas, a gente viu no nosso estudo, aquelas que tinham numeração preservada, são armas que são de forças de segurança que acabam sendo desviadas do Exército." Carolina ressalta a importância de pensar em iniciativas de como proteger os arsenais públicos para impedir que as armas usadas por forças de segurança caiam nas mãos de criminosos. "A gente sabe também que eventualmente há esse desvio. Então é preciso pensar em como proteger os arsenais públicos, das polícias, do Exército, para evitar que essa arma seja desviada também para o crime organizado." Ouça a íntegra do episódio aqui. O que você precisa saber: RIO DE JANEIRO: Megaoperação com cenas de guerra termina com 64 mortos e 81 presos MILITARES E CIVIS: Quatro policiais morreram e ao menos outros 6 ficaram feridos CLÁUDIO CASTRO: Governador do RJ acusa governo federal de negar ajuda Operação é a mais letal da história do Rio de Janeiro Guerra no Rio: as armas dos dois lados Megaoperação com cerca de 2.500 policiais civis e militares é deflagrada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta terça- feira, 28 de outubro de 2025. Jose Lucena/TheNewsS2/Estadão Conteúdo

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