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Das gêmeas 'serial killers' em SP aos 'irmãos necrófilos' no RJ: veja 6 casos no Brasil e no exterior de assassinatos em família

Serial killers em família: casos reais de famílias que cometeram assassinatos em série No mês seguinte à prisão das gêmeas suspeitas de envenenar e matar...

Das gêmeas 'serial killers' em SP aos 'irmãos necrófilos' no RJ: veja 6 casos no Brasil e no exterior de assassinatos em família
Das gêmeas 'serial killers' em SP aos 'irmãos necrófilos' no RJ: veja 6 casos no Brasil e no exterior de assassinatos em família (Foto: Reprodução)

Serial killers em família: casos reais de famílias que cometeram assassinatos em série No mês seguinte à prisão das gêmeas suspeitas de envenenar e matar quatro pessoas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, o g1 listou outros cinco casos de parentes acusados de ser "serial killers" no Brasil e no exterior. E também ouviu especialistas sobre o assunto. Confira abaixo todos os seis casos: 'Gêmeas serial killers' As irmãs gêmeas Roberta Cristina Veloso Fernandes (à esquerda) e Ana Paula Veloso Fernandes (direita) estão presas por homicídios Reprodução Ana Paula e Roberta Veloso Fernandes têm 36 anos e foram presas pela polícia paulista entre julho e agosto de 2025 sob a acusação de assassinar Marcelo Hari Fonseca e Maria Aparecida Rodrigues, ambos em Guarulhos; Neil Corrêa da Silva, em Duque de Caxias; e Hayder Mhazres, na capital paulista. Saiba quem são as vítimas das gêmeas 'serial killers' de SP Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, filha de uma das vítimas, foi presa em outubro suspeita de ter pago R$ 4 mil às gêmeas para matar o próprio pai, Neil, de 65 anos. O g1 não conseguiu localizar as defesas das presas para comentar o assunto. Em seu interrogatório, Ana Paula confessou duas mortes e negou ter cometido as outras. Roberta alegou ser inocente. Michelle ainda não foi ouvida formalmente pela investigação. Para o Ministério Público de São Paulo (MP), as gêmeas "são verdadeiras serial killers" e sentem "prazer ao matar". A investigação ainda aguarda o resultado dos laudos para saber qual substância foi colocada por elas na comida e na bebida das vítimas. Na casa em que as irmãs moravam, a perícia encontrou "chumbinho", um tipo de veneno. A polícia também apura se Ana Paula envenenou e matou ao menos 14 cães _ela mesma confessou esse crime à polícia. Dez deles eram filhotes que pertenciam à irmã, e outros quatro eram do ex-marido da estudante. O Núcleo de Análise Comportamental e Criminal (NACC) do DHPP vai elaborar um documento sobre Ana Paula e Roberta. 'Irmãos necrófilos' Ibrahim e Henrique Oliveira foram chamados de 'irmãos necrófilos' pela polícia fluminense nos anos 1990 Reprodução/Fantástico Trinta e quatro anos antes de as irmãs Ana Paula e Roberta Fernandes serem classificadas como assassinas em série pelas autoridades paulistas, Ibraim e Henrique Oliveira já eram procurados pela polícia fluminense como os "irmãos necrófilos". A expressão vem de "necrofilia", que é a atração sexual por mortos _além de ser uma perturbação psiquiátrica grave, é considerado crime de "vilipêndio de cadáver" no Brasil. Segundo a investigação, entre 1991 e 1995, Ibraim e Henrique mataram ao menos oito pessoas e depois fizeram sexo com seis dos cadáveres. Todas as vítimas moravam em Nova Friburgo, na região serrana do Rio. A dupla se escondia na mata após os crimes _que levaram pânico à população local. Irmãos homicidas e necrófilos apavoram moradores de Nova Friburgo (RJ) O Fantástico mostrou as buscas pelos irmãos (veja vídeo acima). Mais de 700 pessoas foram mobilizadas, entre policiais militares e voluntários armados. Em dezembro de 1995, Ibraim foi morto a tiros pelos agentes quando, segundo eles, tentou atacar as equipes com um facão. O suspeito tinha 19 anos à época. Henrique se apresentou ao Ministério Público (MP) em 1996, quando já tinha 21 anos. Alegou ser inocente de todas as acusações. Mas em 2000 foi julgado e condenado a 34 anos de prisão pelo assassinato de um homem e o estupro de uma sobrevivente. Estaria preso atualmente em Maricá. Veja trailer do filme 'Macabro' O g1 procurou o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para saber se Henrique também foi a júri popular pelas outras sete mortes e aguarda um posicionamento. Em 2020, o caso dos "irmãos necrófilos" inspirou o filme "Macabro", do diretor Marcos Prado (assista ao trailler acima). Além das "gêmeas serial killers" e dos "irmãos necrófilos" no Brasil, a equipe de reportagem encontrou outros casos de parentes acusados de cometer juntos assassinatos em série no exterior. Entre eles estão a família Tarderdiyeva, da Rússia, acusada de matar e esquartejar várias pessoas no início dos anos 2000; as irmãs González, do México, presas por sequestrar e matar mulheres e crianças entre 1940 e 60; os irmãos Briley, dos Estados Unidos, condenados por uma série de homicídios na década de 1970; e a família Benders, também norte-americana, que atraía viajantes para uma pousada antes de assassiná-los em meados de 1870. Família Tarverdiyeva: 'The Gang of Amazons' Inessa (à esquerda) participa da reconstituição policial de seus crimes, em imagens de uma TV russa Reprodução/Redes sociais Segundo a reportagem do britânico The Independent, seis membros da família Tarverdiyeva foram acusados de matar ao menos dez pessoas entre 2007 e 2013 na Rússia. O grupo ficou conhecido na imprensa internacional como "The Gang of Amazons" ('A Gangue das Amazonas'), numa referência ao fato de que era composto majoritariamente por mulheres. De acordo com as autoridades, a quadrilha era liderada pela professora Inessa Tarverdiyeva e pelo dentista Roman Podkopayev, seu marido. A filha de Inessa era composto principalmente por membros da família: a filha de Inessa, Viktoria Tarverdiyeva, a irmã de Podkopayev, Anastasia Sinelnik, e o cunhado policial, Sergei Sinelnik. Os criminosos planejavam roubos e assassinatos. Entre as vítimas estão seguranças e militares, como um oficial, sua esposa e dois filhos. Roman foi baleado e morto em confronto com a polícia em 2013. Em dezembro de 2017, Inessa foi julgada e condenada a 21 anos de prisão pelos crimes. Sua filha recebeu pena de 16 anos. Outros familiares tiveram punições em torno de 20 e 19 anos por participarem do esquema criminoso. Em 2023, as penas dos acusados foram revistas e aumentaram, em alguns casos, para 25 anos. Outro réu recebeu prisão perpétua. Irmãs González: 'Las Poquianchis' Irmãs González foram condenadas por matar mais de 18 pessoas no México entre 1940 e 1960 Reprodução/Wikimedia Commons Quatro irmãs da família González Valenzuela _Delfina, María de Jesús, María Luisa e María del Carmen_ foram acusadas de matar 91 pessoas entre 1940 e 1964 no México. Conhecidas como "Las Poquianchis" (apelido de um cafetão com o qual trabalharam), elas comandavam uma rede de casas de prostituição clandestinas , onde exploravam sexualmente, torturavam e assassinavam mulheres. As vítimas iam para os bordéis com falsas promessas de emprego doméstico ou artístico. Mas eram obrigadas a se prostituir. Acabaram adoecendo e morrendo por maus-tratos ou executadas quando tentavam fugir. Há registros também de clientes assassinados e crianças mortas para ocultar nascimentos. As irmãs foram presas em 1964, após uma denúncia anônima revelar o cemitério clandestino em uma das propriedades. Foram encontrados restos mortais de 80 mulheres, 11 homens e vários fetos. Apesar disso, as González acabaram responsabilizadas por 17 mortes. Foram julgadas e condenadas, cada uma, a 40 anos de prisão. Delfina morreu na prisão, em 1968, após o desabamento de uma parte da cela, e María de Jesús foi solta pela Justiça anos depois, morrendo fora da prisão. A minissérie "As Mortas", da Netflix, lançada em setembro de 2025, se baseia na história das irmãs González. Ela é dirigida por Luis Estrada. Irmãos Briley: 'The Briley Brothers Gang' Os três irmãos Briley e o comparsa foram chamados de "A Gangue dos Briley" entre outros apelidos Reprodução/Medium.com Em 1979, os três irmãos Briley _Linwood, James e Anthony_ foram acusados pela polícia dos Estados Unidos de cometer 11 assassinatos, estupros, tortura, roubos a casas e incêndios. As vítimas eram idosos, casais e crianças, mortas com tiros, facadas, marteladas ou queimadas. Os jornais norte-americanos os chamaram de "The Briley Brothers Gang" ('A Gangue dos Irmãos Briley'). O trio contou também com um cúmplice, Duncan Eric Meekins, para cometer os crimes. Linwood e James foram julgados e condenados à pena de morte _acabaram executados na cadeira elétrica em 1984. Anthony pegou a prisão perpétua e morreu em 1985 por causas naturais. Duncan continua preso. Família Bender: 'The Bloody Benders' Família Bender é tratada como um dos primeiros casos de 'serial killers' nos Estados Unidos Reprodução/Wikimedia Commons A família Bender foi acusada de matar entre 11 a 20 pessoas na década de 1870 nos Estados Unidos. Chamados de "The Bloody Benders” ('Os Sangrentos Benders'), o grupo era formado por John (pai), Elvira (mãe), John Jr. e Kate (filhos). Eles administravam a Bender’s Inn, uma pequena pousada em que recebiam viajantes. Durante a noite, matavam os hóspedes com facas ou golpes na cabeça e enterravam os corpos no quintal. As vítimas eram, principalmente, viajantes e comerciantes. Os crimes foram descobertos em 1873, quando vizinhos perceberam desaparecimentos, e a polícia encontrou os corpos enterrados. Antes que pudessem ser presos, todos os membros da família fugiram e nunca foram capturados, mantendo o mistério do caso. Os crimes cometidos pelos Bender os tornaram um dos primeiros casos de "serial killers" no país. O que dizem especialistas O que define um serial killer? g1 responde dúvidas dos leitores O termo "serial killer" ('assassino em série', em português) surgiu nos Estados Unidos no contexto das investigações criminais e da psicologia forense. Quem recebeu o crédito pela popularização do termo foi o agente do FBI Robert Ressler, na década de 1970. Ele usou a expressão para descrever criminosos que cometem dois ou mais assassinatos em série com intervalos entre eles. A motivação pode ser psicológica ou financeira. O g1 reúne abaixo o que três especialistas disseram sobre alguns dos casos citados nesta reportagem. A escritora Ilana Casoy, especialista em biografias sobre "serial killers", explicou resumidamente o que é um assassino em série. "É aquele que comete dois ou mais assassinatos envolvendo o que eu chamo de um ritual com as mesmas necessidades psicológicas, mesmo se o modus operandi for diferente", falou Ilana quando comentou recentemente o caso das irmãs Ana Paula e Roberta. Procurado para falar de maneira geral sobre as gêmeas, os "irmãos necrófilos" e os demais casos acima, o psiquiatra Daniel Barros, da Universidade de São Paulo (USP), disse que parentes que cometem assassinatos em série podem ter traços de psicopatia. E que o surgimento dela na mesma família depende de diversos fatores. "A psicopatia sendo considerada como uma personalidade é multifatorial, tem aspectos biológicos, genéticos, educacionais, sociais, econômicos. Na psiquiatria, é o resultado de uma série de fatores", falou Daniel. "Qualquer resposta que eu desse aqui seria especulação. É fato que [o motivo] pode ser genético, pode ser o ambiente, pode ser a educação", prosseguiu o psiquiatra. "Como é multifatorial, você não consegue dizer qual é o peso de cada um dos fatores." Em 1995, quando deu entrevista ao Fantástico, o psiquiatra Talvane de Moraes falou sobre o pensava a respeito de Ibrahim e Henrique. "Pode caber perfeitamente a ideia de se tratar de uma loucura a dois. Um dos irmãos ser um psicótico muito grave e o outro irmão ser alguém que tem um retardamento de inteligência que acompanha todo aquele delírio que o irmão elabora para ele", disse Talvane, que à época trabalhava no manicômio judiciário do Rio. LEIA MAIS: 'Serial killer' acusada de matar 4 pessoas é estudante de direito e já tentou envenenar colegas com bolo em faculdade em SP Veja como é o caso da estudante acusada de ser 'serial killer' Dhara Pereira/g1 Design

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